Por Giovanna Balogh 27/07/2015 via http://maesdepeito.blogosfera.uol.com.br
É
recorrente os casos de mães que fazem a introdução alimentar dos bebês
precocemente. Algumas fazem por conta própria pois estão preocupadas com
o retorno ao trabalho devido à curta licença maternidade ou por
‘pressões familiares’, mas há outras que dão papinhas antes do bebê
completar o sexto mês de vida com a orientação do pediatra, que
contraria as recomendações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria),
do Ministério da Saúde e da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Em
grupos virtuais de maternidade, muitas mães apresentam dúvidas ao
introduzir frutas, sucos, papinhas salgadas e até mingaus para os filhos
com três, quatro meses de vida. A SBP alerta que alimentar um bebê
antes dele ter seis meses pode trazer sérias consequências na saúde
dessa criança. Independentemente se o bebê toma leite materno ou
artificial a introdução de alimentos complementares só deve ser feita
após o sexto mês de vida.
No caso do bebê que mama exclusivamente no peito, é possível fazer a ordenha para o leite ser dado na ausência da mãe. Veja aqui dicas de como retirar o leite e oferecer ao bebê.
A
médica do departamento de nutrologia da SBP Virginia Resende Silva
Weffort explica que a introdução precoce de alimentos “programa” a
obesidade futura, pressão arterial, o metabolismo do colesterol,
resistência insulínica, arterosclerose, saúde óssea e imunológica.
Virginia,
que também é professora de pediatria da Universidade Federal do
Triângulo Mineiro, comenta que a SBP tem divulgado vários documentos
para a classe médica orientando que a introdução alimentar deve ser
feita apenas após o bebê completar seis meses de vida.
“Trabalhos
científicos existentes mostram a relação direta da introdução precoce da
alimentação com a obesidade futura, uma vez que os sistemas digestório e
renal do bebê iniciam sua maturidade em torno dos quatro meses e
somente estarão aptos a receber outro alimento por volta dos seis
meses”, diz.
INTRODUÇÃO DEVE SER FEITA LENTAMENTE
A
introdução alimentar não pode ser feita às pressas já que é um período
de adaptação, ou seja, pode levar dias, semanas, até que o bebê comece a
aceitar e comer melhor.
Os pediatras explicam que é importante
não forçar a criança pois é natural que ela recuse alguns alimentos, ou
seja, é preciso ter paciência nesta fase.
No início, quando são
oferecidas frutas e papinhas salgadas, os pais devem usar um garfo para
amassar a comida, que não deve nem ser batida no liquidificador nem
passada na peneira. Gradativamente é possível aumentar a consistência
para pedaços até a refeição se assemelhar com a da família.
Muitos
pais têm optado pelo BLW (Baby-led Weaning), ou em tradução livre, o
desmame que o bebê lidera) na introdução dos alimentos. A ideia do BLW é
bem simples: colocar a criança na mesa com o restante da família e
permitir que ela escolha o que comer com a própria mão. Quem é adepto da
técnica diz que a criança come melhor e ainda evita aquela ‘batalha’ na
hora das refeições para tentar fazer o bebê comer tudo o que os pais
querem.
Independente
se o pai fará esse método ou dará a papinha tradicional, é importante
oferecer uma variedade no cardápio com frutas, hortaliças, legumes,
carnes e também respeitar a saciedade da criança. Lembre-se que esse é
um processo novo para o seu filho e que pode necessitar de um período de
adaptação.
A médica ressalta que apenas aos seis meses, a maioria
das crianças atinge estágio de desenvolvimento com maturidade
fisiológica e neurológica e atenuação do reflexo de protrusão da língua,
o que facilita a ingestão de alimentos. “Somente com essa idade as
enzimas digestivas são produzidas em quantidades suficientes, permitindo
que as crianças recebam outros alimentos além do leite materno. A
salivação e a concentração de amilase [enzima produzida pelo pâncreas e
pelas glândulas salivares], são reduzidas nos primeiros meses de vida”,
explica a pediatra.
A pediatra diz ainda que o sistema digestório
e renal da criança pequena são imaturos, o que limita a sua habilidade
em manejar alguns componentes de alimentos diferentes do leite. Vale
ressaltar que a criança antes dos seis meses não consegue ficar sentada
para fazer uma refeição. “Somente após o sexto mês o sistema
neuropsicomotor está desenvolvido permitindo que o bebê fique sentado
sem apoio e que role os alimentos na boca”, diz.
A pediatra
comenta que o período de introdução da alimentação é de elevado risco
para a criança tanto pela oferta de alimentos desaconselháveis
favorecendo a obesidade, anemia e outras deficiências, quanto pelo risco
de contaminação, devido à manipulação e ao preparo inadequado
favorecendo a ocorrência de doença diarreica e consequente desnutrição.
Outro problema é que a introdução precoce também pode ocasionar engasgos
e até alergias na criança.
OS DEZ PASSOS PARA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL*
1 – Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento.
2
– A partir dos seis meses, oferecer de forma lenta e gradual outros
alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais.
3
– A partir dos seis meses, dar alimentos complementares (cereais,
tubérculos ou raízes, carnes, leguminosas, frutas e legumes) três vezes
ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se
estiver desmamada.
4 – A alimentação complementar deve ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando sempre a vontade da criança.
5
– A alimentação complementar deve ser espessa (grossa) desde o início e
oferecida de colher; começar com consistência pastosa (papas /purês), e
gradativamente aumentar a sua consistência até chegar à alimentação da
família.
6 – Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida.
7 – Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.
8
– Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas,
salgadinhos e outras guloseimas, nos primeiros anos de vida. Usar sal
com moderação.
9 – Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos, e armazená-los e conservá-los adequadamente.
10
– Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo
sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua
aceitação.
*Segundo recomendação do Ministério da Saúde