13 março 2010

Adeus aos carrinhos de bebê: pais aderem à moda do sling

Jenniger Bleyerthe New York Timesnova York, Eua.

.Tendência . Nos últimos, anos aumentou vertiginosamente o número de modelos desse tipo de carregador. Canguru, moisés, bolsa e tipoia hoje vêm em variadas estampas e tecidos


Para a maioria das pessoas, o filme de 2009 "Por uma Vida Melhor", dirigido por Sam Mendes, ainda não saiu da memória; uma comédia meio esquisita que não rendeu muita bilheteria. Mas, para algumas pessoas - bem, alguns pais, pelo menos -, uma cena nesse filme continua ecoando nos parquinhos, lanchonetes e nas calçadas das cidades. Os personagens Burt e Verona, interpretados por John Krasinski e Maya Rudolph, chegam à casa de uma amiga e mãe de crianças pequenas, encarnada por Maggie Gyllenhaal, e orgulhosamente apresentam à mamãe algo que ela não tem: um carrinho de bebê.
O resultado não foi o cordial "obrigada" que eles esperavam. "Adoro meus bebês", argumenta a mamãe antes de banir o carrinho de sua casa e ficar furiosa. "Por que eu vou querer empurrá-los para longe de mim?".
E isso é exatamente o que alguns pais estão se perguntando hoje em dia. Para eles, os carrinhos de bebê foram amplamente substituídos por carregadores de bebê - slings (tipoias, em inglês), cangurus ou moisés com as mais variadas estampas e tecidos.
Os slings e outros tipos de carregadores são tradicionais em muitas partes do mundo, e as versões ocidentais são usadas na Europa, EUA e Brasil há décadas. Mas, ultimamente, transportar o bebê junto ao corpo ganhou um certo status, com celebridades como Brad Pitt e Keri Russell fotografadas e exibidas em revistas de estrelas e blogs levando seus bebês junto aos seus corpos. Algumas lojas, inclusive, vendem versões de luxo dos slings.

Moda. Em Manhattan, Nova York, algumas mulheres vão a lojas luxuosas de bebê para escolher slings do mesmo jeito que escolhem bolsas.
"A princípio eu pensei: ‘Será que estou tentando virar uma mulher indígena com isso?’", lembra Natasha Ossinova, 33, enfermeira obstétrica que diz ter quatro slings em casa. "Mas eu superei essa ideia boba. Agora estou apaixonada pelos slings".
Nos últimos anos, o número de modelos de carregadores aumentou vertiginosamente.
"Em 2004, havia muito poucos tipos de carregadores", disse Bianca Fehn, dona da Metro Minis, boutique de bebês em Manhattan. "A gente tinha que encontrar essas mamães costureiras que faziam as peças e ficávamos em uma lista de espera por semanas ou até meses para conseguir um carregador".
Antes de abrir a loja, ela iniciou uma comunidade na internet chamada "Slings in the City", que realizava demonstrações de uso dos slings na cidade de Nova York. As demonstrações agora são oferecidas na Metro Minis quatro vezes ao mês, e geralmente ficam lotadas.

Cuidados. Mas, enquanto os acessórios carregadores ficam mais populares, sua segurança vem sendo questionada, especialmente dos slings estilo bolsa (pouch sling) que, suspeita-se, contribuíram para a morte de bebês por sufocamento.
Nesta semana, Inez Tenenbaum, chefe da Comissão de Segurança de Produtos dos EUA, anunciou uma advertência sobre os slings, dizendo que agora são conhecidos "os cenários de perigo para bebês muito pequenos carregados neles".
Muitas lojas especializadas, como a Metro Minis, não vendem slings estilo bolsa, cuja segurança foi contestada. Algumas lojas instruem os compradores a posicionarem seus bebês em posição ereta e colados ao corpo em qualquer modelo de sling.


Traduzido por André Luiz Araújo

.Desenvolvimento .Ter o filho próximo ao corpo reforça a ligação. A maioria das pessoas que usam carregadores de bebê elogia a conveniência de ter as mãos livres para controlar outras crianças, usar o telefone ou empurrar um carrinho de compras. Mas algumas pessoas veem o sling como uma parte integral da sua filosofia de criação dos filhos, que alega que os bebês devem ser “vestidos” sobre o corpo do pai ou da mãe para cultivar uma ligação forte.
William Sears, pediatra e especialista em cuidados paternais, foi quem cunhou o termo “babywearing” (vestir o bebê, em tradução livre). Em 1985, ele e sua mulher, Martha, costuraram uma tipoia usando panos velhos para carregarem seu filho. Desde então, ele defende essa prática. Segundo ele, o sling ajuda a deixar os bebês mais espertos, calmos, atentos e prováveis de desenvolver hábitos do sono mais saudáveis do que as crianças carregadas em carrinhos.
“O contato físico aproximado é importante para os bebês”, disse Byron Egeland, psicólogo do Instituto de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Minnesota. “Mas eu rapidamente acrescento que um pai que usa um carrinho de bebê não está nem totalmente certo nem totalmente errado”. Especialistas recomendam que os pais usem o sling até quando se sentirem confortáveis, levando em consideração o bom senso de que o peso sobrecarrega a coluna. (JB/NYT)

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