08 novembro 2008

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COBAIA [experiências e testes de consumidores]
Sábado, 8 de novembro de 2008

GINCANA COM FILHO NO BOLSO

Benjamin, de 9 meses e 9 quilos, ajuda a mãe jornalista no "test-drive" que compara cangurus e slings


ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
Passear com um bebê em uma cidade como São Paulo só não é exatamente uma aventura porque as mães, já devidamente programadas pela prolactina, ficam superalertas e cercam-se de cuidados.
Diante de obstáculos como calçadas irregulares ou inexistentes, degraus altos, ônibus pouco amigáveis, metrô cheio e cocôs de cachorro, não é fácil andar por aí levando a cria no meio de transporte mais usual dos bebês, o carrinho.
As mães pedestres e as pedestres mães têm como opções razoáveis os cangurus do tipo mochila e os slings -faixas de pano como as usadas por índias, que prendem o bebê junto ao corpo da mãe. Pais também são muito bem-vindos ao mundo dos carregadores, e muitos se deslocam com naturalidade portando seus bebês.
O caso é que slings e cangurus são mesmo como roupas, e o aspecto pessoal da impressão só não é maior que a diferença anatômica entre homens e mulheres. Portanto, anca, cintura, peito e eventuais gordurinhas fazem toda a diferença na hora de vestir seu carregador e de acomodar seu bebê nele.
Tanto slings quanto cangurus são vantajosos em relação ao carrinho ou ao mero muque por dar liberdade às mãos -e, mesmo que uma das habilidades maternas seja a multiplicação de braços à moda das deusas indianas, é possível se beneficiar de um alívio ao carregar compras, abrir a bolsa, pegar a chupeta, cumprimentar alguém ou fazer carinho no bebê.
A Folha testou dois modelos de canguru e dois de sling.

Slings
Essas faixas de pano viraram um hit materno na internet, com sites especializados na confecção e até numa certa doutrina do uso do sling.
Ainda é difícil encontrá-los no mundo offline, mas lojas de "moda gestante" que conseguem escapar à hegemonia da calça jeans de elástico já expõem na vitrine um ou outro modelo de carregador que fique bem com roupas civis.
A variedade de tecidos e formatos dos slings joga a favor deles. Além da graça consumista de poder usar várias estampas, cores e texturas, o fato de as faixas serem laváveis em máquina já é uma enorme vantagem em relação aos cangurus.
Os slings também ganham na variedade de posições em que o bebê pode ficar: sentado, "alerta" para o mundo ou confortavelmente deitado, como se estivesse numa rede. As posições, porém, variam conforme o tamanho e a idade da criança. Nos sites, aparecem até as versões mais "orgânicas", com bebês nas costas da mãe, mas essa posição exige um pouco mais de segurança para ser adotada.
A vantagem definitiva do sling é que possibilita carregar desde bebês bem pequenininhos, que ficam com aspecto de mamulengos nos cangurus por não terem a firmeza necessária, até crianças que já sabem andar, mas ainda pedem um colinho. Serve também para simplesmente acalmar as crias junto ao corpo, amenizar suas cólicas ou fazê-las dormir.

Canguru
Mas a mesmice do canguru tem uma vantagem: vesti-lo é muito mais prático do que aprender a usar um sling.
O canguru também ganha por seu aspecto mais urbano: firme, bem estruturado, acolchoado e cheio de presilhas e ajustes, tenta garantir o conforto da mãe e a segurança do bebê durante percursos mais longos ou acidentados. É preciso tomar cuidado, porém, com onde se pisa, já que, por colocar o bebê exatamente diante do campo de visão da mãe, o canguru pode prejudicar a vista do que está à frente nas calçadas.
Para bebês com mais de seis meses, o canguru oferece uma visão privilegiada do mundo: eles curtem admirar a paisagem cheia de novidades. Mas, se o bebê cochilar no percurso, os fabricantes orientam a colocá-lo virado de frente para a mãe. A vida útil do canguru costuma acabar quando o bebê completa de nove a 11 quilos.
O sling, por outro lado, é mais prático quando a mãe se senta ou precisa desvesti-lo. É praticamente impossível ficar sentada com o bebê dentro do canguru, já que a posição pode machucar as perninhas da criança.
As amarras que dão mais robustez ao canguru são justamente o problema na hora de tirá-lo, já que tornam o processo bem mais complicado.
Fora de uso, o sling cabe em qualquer bolsa de tamanho médio. O canguru dificilmente permite essa opção.
Qualquer uma das escolhas, porém, costuma ser mais prática e confortável do que levar a criança diretamente nos braços. É só tomar cuidado, prestar atenção às instruções, escolher aquele que "veste" melhor e embalar o bebê.